sexta-feira, 20 de maio de 2011

relato sobre coletivos e cotidiano


Passo, boa parte do meu dia dentro dele ou esperando ele.
carona tem salvado minhas idas e vindas
salva os corre-passos dos dias
e é o oráculo dos dias santos.
é nesses carros que me sei pois
Atraio extamente o que estou pensando
dia desses quase chorando,
não pela carona que não chegava, mas pelos
pensamentos angustiantes típico de fim de verba antes do fim do mês.
eu já atrasada pro trabalho sabia que não seria fácil.
eis que parou o tal carrão cheirando a novo estofado de couro
eu: tudo bem?
ele: é, não tão bom como eu queria por que dinheiro não se acha no meio da rua!
e segui a viajem , percebi que minha angustia não chegava nem aos pes da dele, coitado...
quanto mais se tem, maior as dívidas, maior as angustias... ou nem sempre
o próximo que disser isso portando um carrão desses, digo: Quer uma esmolinha, tiu??
mas ainda faço um blog só sobre as caronas

Passageiros com passagens comprada para São José, Tijucas, Itapema, Balneário Camburiu, Itajaí, ultima chamada para embarque.

Santa Catarina é um poço de baldeações
pinga pinga é pouco,
chove paradas até no fim do mundo
e de executivo só tem o estofado e os 25 reais quando faço Itajaí-florianópolis.

ha muito o banco ao lado está sempre vazio,
torço pra que a pessoa da minha vida apareça
e nele se acomode, mas de bandeja assim?
pouco provável
Alem do mais, sempre que posso acomodo minha casa móvel
(O Kit de mochilão e instrumentos) no banco ao lado. durmo e sonho com quem possa vir a se sentar nele.

Mas relato é sobre coletivos circulares, buzão,
O latão do dos dias úteis.
pois nos dias inúteis (sábados e domingos)a alista de horários diminui consideravelmente
diminuindo também o cumprimento das saias das moças mesmo que o frio aumente.
onde os terninhos cansados das telefonistas se misturam aos uniformes cheios de vida de colégios primários e á roupa rota dos aposentados.


Domingo , sai do trabalho e resolvi ir ao teatro, teatro de manipulação de objetos.
"livres e Iguais"- grupo "Teatro Sim Por Que Não".
Chamei uma série de pessoas que por algum motivo já imaginava que não iriam.
no geral as justificativas são: "não, porque é caro e está chovendo e não tem ônibus pra voltar"
Fui só.
3 quarteirões do shopping que eu trabalho.
gosto de andar a pé.
nenhum problema pra ir, afinal já me encontrava perto do teatro.
mas pra voltar...melhor não ter pressa.
Busão direto pro terminal do Rio Tavares de domingo não tem
...teria que pegar lagoa que passava a uns 2 Km dali,

também não ligo de andar na rua a noite, mesmo que assim, tão vazia num domingo que parece que o mundo acabou e esqueceram de desligar os luminosos.
Um grupo lá na frente colando cartaz, pelo tamanho da barba só podia ser
cartaz de convocação de greve a tal greve dos ônibus ameaça acontecer a dias ...
mas não era , era cartaz do espaço célula, uma balada do outro lado da ilha que toca um som que eu gosto,
Curumim vai tocar na semana que vem, 15 reais antecipado
nunca fui ao célula, por ser muito longe pra ir a pé ( uns 30 Km de onde eu moro)
e pelos mesmos motivos que alegam as pessoas não vão ao teatro

sigo andando rumo ao ponto de ônibus pensando no show que não vou na semana que vem.
chego finalmente ao ponto de ônibus, que vazio me faz presumir que o mesmo ja passou e o próximo vai demorar.
Resolvi andar até o próximo ponto, que estava vazio e assim seguir até o próximo que também estava vazio
e assim por diante.
parei no primeiro ponto que continha um sujeito, não sei porquê, talvez a solidão que se agrega a outros solitários...
Logo chegou uma família, vinham do trabalho
continuamos os quatro solitários a espera da condução.
tempo passa até que chega a lata.

em dinheiro a passagem custa 2 e 90 mas o cobrador não tinha troco foram meus 3 reais

Cansada, na viajem, que nem sei no que pensei.
No terminal Lagoa da Conceição, teria de pegar o próximo pra o terminal Rio Tavares, que chegaria em 10 minutos.
outra viajem, mais longa, nessa pensei em escrever algum relato/ crônica
de como é passar tanto tempo dentro
de ônibus pensando nele ou esperando por ele.
Terminal Rio Tavares, agora era só pegar um para o campeche que me deixaria a uns metros da minha casa.
putz! a condução campeche só chegaria a uma hora ...
Uma hora a deriva em um terminal frio e nada aconchegante pra um domingo a noite.
peguei a condução de volta pra lagoa assim saltaria a uns 2 Km da minha casa.

desci do ônibus, e segui com meus pés infalíveis, pontuais e gratuitos
a conversar com a lua que entre nuvens ouvia parte das minha angustias, foi então que choveu em mim.
a chuva me banhou durante toda caminhada até minha casa.
Nada mau, poderia ir correndo, não pra me molhar menos, mas pra não passar muito frio e fazer aquele exercício
que não tem me sobrado tempo pra executar
mas não, fui andando mesmo, pois me veio um bolero a mente
um bolero triste que me esqueci da melodia.
cheguei bem em casa.

Ah! a peça que assisti falava sobre o direito de ser livre, ir e vir também são direitos que me devem ser garantidos...
Por enquanto bem garantidos por minhas próprias pernas e pés , pelas minhas caronas , por meus 3 Reais.

2 comentários:

Natália disse...

Com este escrito, vi cada passo dado e tardiamente te acompanhei até em casa.

PALOMA disse...

Olá! Obrigada por visitar meu Blog!!!
Que bom que gostou do trabalho! Fiquei muito feliz com seu comentário. Obrigada! A Cia de Teatro que faço parte se chama Fios de Sombra (www.fiosdesombra.com.br). Voce é de que cidade? No nosso site temos uma agenda onde divulgamos todas as futuras apresentações. Mas ja adianto que dia 07 agora teremos apresentação em Sao Jose dos Campos no Festivale, Depois dem Dourados no FIT, dia 14, e em Presidente Prudente dia 24 no FENTEPP!
Se puder apareça!